Eles foram içados por cesto após inundação na Zona Norte de SP.
As quatro crianças salvas por um helicóptero da Polícia Militar durante a enchente causada por um temporal que inundou Pirituba, na Zona Norte de São Paulo, na quarta-feira (16), contaram que sentiram frio e medo durante o resgate aéreo, mas também disseram que a experiência de voar, pela primeira vez nas suas vidas, foi “legal”. O G1 conversou com os sobreviventes mirins com a autorização de seus pais, que acompanharam a entrevista.
O salvamento dos irmãos Alexsandro e Adrian e dos também irmãos Amanda e Igor foi dramático. As crianças e dois idosos foram içados por um cesto preso à aeronave e colocadas em segurança no pátio de uma empresa de transportes localizada a poucos metros de suas casas, que estavam quase que completamente submersas – a água da chuva alcançou até o teto de cerca de 15 imóveis.
"Eu fiquei com medo. Quando o helicóptero chegou, eu fiquei chorando pensando que ninguém ia me carregar e que iria ficar lá. Mas só que o helicóptero me resgatou. Depois vi que meu irmãozinho estava lá [dentro da aeronave]", afirmou Alexsandro Silva Batista do Nascimento, de 7 anos. No colo da mãe, o irmão de Alexsandro, Adrian, de 3 anos, também afirmou ter ficado com medo, mas gostou da viagem.
A mãe de Alexsandro, Josilene Silva Trajano, conta que quando o nível da água começou a subir, ela levou as crianças para uma casa vizinha, mais alta que a sua. "Não adiantou porque a água surpreendeu todo mundo", contou a mulher.
Rosilene e os filhos, Amanda, de 8 anos, e Igor, de 5 anos, salvos por helicóptero de enchente (Foto: Roney Domingos/ G1)
'Friiiio'
"Achei frio", disse Amanda Querino da Silva, de 8 anos, sobre o resgate aéreo. Horas depois de ter sido içada e salva, ela continuava agarrada ao cobertor para se esquentar.
Igor, de 5 anos, diz que apesar do susto de ter sido resgatado não tem medo de enchentes. "Na hora que estava chovendo, a água entrou na minha casa e o helicóptero pegou a gente".
A mãe de Amanda e Igor, Rosilene da Paixão Querino, de 32 anos, conta que o helicóptero foi a única saída. Ela disse que levou as crianças para o ponto mais alto do conjunto de casas. "Na minha casa, a água bateu no teto."
'Socorro'
O aposentado Alfredo Tomaz da Silva, de 66 anos, e sua mulher, Maria Ferreira Campos, de 58 anos, também foram resgatados pelo helicóptero. "A gente já ia se acabando na água, gritando socorro, socorro, socorro. A gente já estava debaixo d água. Não foi mole para nós não", afirmou ele.
Por volta das 22h30 de quarta-feira, os moradores ainda tentavam tirar a água de dentro de suas residências e recuperar o que sobrou dos móveis. Até as telhas de cimento foram arrastadas pela enxurrada. Pelo menos dois carros foram levados pelas água.
A comunidade formada por casas simples fica vizinha ao córrego Ribeirão Vermelho que transbordou próximo do piscinão Anhanguera. Todas as ruas do bairro ficaram enlameadas.